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Estamos no Outubro Rosa e como compete numa agenda do “politicamente correto”, as lideranças abordam os temas de destaque, mudam a cor do logotipo da empresa, investem em mídias, promovem eventos. No entanto, poucos abordam verdadeiramente o problema.

Lanço aqui um desafio de que cada um que ler esse artigo busque identificar uma pessoa das suas relações que já foi acometida por essa enfermidade, que já recebeu esse diagnóstico e procure saber como foi a experiência. Não estou propondo abordar algo distante, um tabu constrangedor, mas algo presente na vida de muitas pessoas: o difícil diagnóstico do câncer.

Você provavelmente irá se surpreender com a quantidade de pessoas e as diferentes formas de lidar com a situação. Cada pessoa tem uma reação, reage do seu jeito, até porque não existe certo ou errado e sim visões de mundo diferentes, mentalidades peculiares, diversidade espiritual, física, social. Todos esses fatores interferem na forma de detecção, tratamento e cura, mas certamente um fator é indiscutível: a detecção precoce do câncer de mama aumenta significativamente as chances de cura.

A falta de abordagem sobre essa doença criou mito em torno da qual muitas pessoas tentam negar ou esconder o diagnóstico, outras se envergonham e outras simplesmente calam. Vivenciei um período que sequer era permitido pronunciar a palavra Câncer. As pessoas falavam C.A. de Mama e o diagnóstico vinha como uma verdadeira sentença de morte.

Com uma cultura dessas fica mais difícil encarar de frente algo tão ameaçador.

Eis que entrei para as estatísticas no mês de abril de 2020, em plena pandemia e posso afirmar: sobrevivi.

Sobrevivi como todos os dias sobrevivemos a assaltos, atropelamentos, acidentes de trânsito, incêndios, problemas cardíacos, afogamentos, intoxicações e toda sorte de imprevistos que podem nos levar a óbito em poucos minutos.

Sobrevivi com a mesma esperança de que aguardei a vacina contra a Covid-19 mesmo sem ter certeza da sua eficácia.

Sobrevivi porque me toquei, percebi que algo estava estranho e decidi que não esperaria a pandemia passar para ir investigar o suposto caroço que me indicava uma anormalidade.

Como todas as pessoas que recebem o fatídico diagnóstico, tive medo. Meu medo não me paralisou, me impulsionou a dividir a informação com pessoas próximas, confiar na equipe médica e me jogar no tratamento com a mesma positividade que encaro todos os desafios da minha vida.

Fiz mamografia, ecografia mamária, biópsia, uma quadrantectomia da mama esquerda e umas 20 sessões de radioterapia. Uso medicamento diário para evitar a recidiva e sigo minha vida normalmente, porém com mais consciência corporal e vida saudável. Escolhi compartilhar minha experiência por entender que posso ajudar outras pessoas a se aceitarem na sua condição.

Como formadora de opinião que sou, não me permito calar diante da adversidade e utilizo minha experiência pessoal para conscientizar outras mulheres, assim como aprendi muito com pessoas que já haviam passado pelo problema e compartilharam comigo suas experiências.

A medicina está muito avançada no tratamento do câncer, detectando com muita precisão as características do tumor, o que permite um tratamento mais assertivo e menos traumático. Eu saí do hospital no mesmo dia e tive uma recuperação muito rápida. Uma boa equipe médica é fundamental, o apoio da família e dos amigos, essencial.

Acredito na máxima que “o que não me mata, me fortalece”. Diante da incerteza da vida, não temos outra opção a não ser seguir em frente, encarando os desafios e fazendo das tempestades grandes aprendizados.

Vamos todos nos cuidar: mulheres, se toquem e façam revisões periódicas; homens ajudem a cuidar de suas filhas, irmãs, mães, esposas, namoradas, colegas. Cuidar é um ato de amor e implica em ouvir, acompanhar, conscientizar, orientar e amar.

O câncer me ensinou resiliência, testou minha fé e fortaleceu minha coragem. Me considero uma verdadeira VITORIOSA como se denominam as mulheres que venceram a batalha contra o câncer de mama.

Para mim o Outubro Rosa deixa de ser um mês de campanha e se torna uma bandeira de ação permanente.

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Ana Tércia L. Rodrigues

# Contadora, # Mestre em Administração e Negócios (PUCRS) # Professora Universitária (UFRGS) # Presidente do CRCRS # Membro da Academia de Ciências Contábeis do RS # Conselheira Fiscal da ONG Parceiros Voluntários # Mentora, Palestrante, Escritora

5 Comentários

  • César Leite disse:

    Grande força e resiliência
    Lindo depoimento e construção Ana Tércia

  • Terezinha Silva disse:

    Sua estória me emocionou.O cancer quando tratado na fase inicial, pode ser revertido sim. O grande problema é que o Governo não investe em prevenção da doença e muito menos nos cuidados do paciente, há demora nos diagnósticos, no tratamento e nas cirurgias,provocando o avanço do câncer. Quantos brasileiros sem recursos e sem planos de saúde, morrem sem ter acesso aos exames e medicamentos que poderiam salvar?
    Precisamos avançar nesta luta a favor da saúde!
    Parabéns Ana Tercia, você uma vencedora!

  • Maria Rosania Almeida disse:

    Parabéns Ana Tércia você me inspira sob todos os aspectos, exemplo de mulher guerreira. Terás sempre no teu caminho apenas vitórias. Um forte abraço.

  • amanda disse:

    Me emocionei lendo seu depoimento! É lindo e encorajador… Parabéns pela guerreira que és!

  • Ana laura neugebauer disse:

    O “politicamente correto” me tornou parte das
    estatísticas. Talvez se as autoridades investissem menos em propagandas e mais em iniciativas, não teríamos um sistema de saúde tão precário e pivô de muitas histórias tristes. Luto porque não há mais nada que posso fazer, mas me pergunto a cada exame dolorido, a cada período de recuperação pós cirúrgico, precisava passar por isso? Fiz tudo o que podia fazer para não fazer parte das estatística, mas encontrei no lugar da atenção à saúde, intolerância , descaso, incompetência e um” lamento” mas não tem o que fazer…
    Lindas palavras Ana Tercia mas a indignação é a palavra que hoje me representa.

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