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Segundo a Associação Brasileira de Startups, de 2015 até 2019 o número de startups no Brasil saltou de 4.151 para 12.727, um aumento de 207%. A expectativa geral é que este mercado continue crescendo à passos largos. O ecossistema vem se reforçando com iniciativas de corporate venture, aumento do número de investidores anjo e os fundos de investimentos.

A pandemia, aliada a este crescimento de mercado, fez com que ocorressem mudanças nas expectativas de trabalho por parte das novas gerações. Um exemplo é a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2015). Uma pesquisa realizada pela Nielsen demonstra que 54% deste público querem empreender. O motivo é o desejo de ser seu próprio “patrão”. Entendo que este desejo até pode ser genuíno, mas realmente acredito que experiências de vida anteriores são cruciais para que estas empresas e seus empreendedores tenham uma maior longevidade. Acredito piamente que as vivências em empresas de base tradicional trazem orientação à processos, disciplina de execução e uma base sólida de gestão, algo crucial a qualquer negócio, principalmente àqueles que buscam posicionamentos inovadores. Se este é o pensamento, identifico que o futuro da maioria das iniciativas será a morte. Já a *PwC Brasil aponta que atualmente, 9 de 10 startups não duram mais de 2 anos. Uma das causas principais para isto é que muitas não resolvem um problema real de mercado, baseando-se única e exclusivamente em experiências pessoais. Se o que foi dito acima é verdade (sobre a geração Z), teremos mais dificuldade ainda no processo de criação de startups competitivas. Já o Estudo Causas da Mortalidade de Startups Brasileiras elaborado pelo Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, estima que pelo menos 25% das startups morrem no primeiro ano e pelo menos 50% delas já estão mortas até o 4º ano de vida. O Chamado Vale da Morte de Startups esta alicerçado pelo conceito do Livro “The Startup Curve J”, do autor Howard Love. Pensem em uma letra “Jota” “J” onde a perna maior da letra apresenta-se mais inclinada para a direita. O “u”da letra “J” representa este vale. Ali é onde os empreendedores devem ter a idéia, investigar, validar o chamado market fit, desenvolver os primeiros protótipos, testes e MVPs. Cabe ressaltar que as primeiras vendas estão no final deste vale. Não é a venda que determina a morte ou não da startup, mas sim o modelo estratégico de vendas que será comprovado ou não.

Dito isto, me questiono: será que existem oportunidades neste cemitério de startups? No Brasil temos muitas dificuldades com dados. Se há dificuldade de monitorar às Startups em evolução, quisá conseguiremos monitorar àquelas que se perdem ao longo do tempo. Proponho uma reflexão. Um empreendedor que passou por uma frustração inicial geralmente sai mais fortalecido. Vejo muitas soluções tecnicamente evoluídas do ponto de vista técnico, com entrega de valor que por maus posicionamentos de mercado ficaram pelo caminho. Observo ainda, que estas soluções podem agregar muito valor às empresas não digitais que podem surfar uma onda de baixo custo e de recorrência. Existe a possibilidade de muitos matches. O foco no intra-empreendedorismo, em processos de inovação aberta menos “marketeiros” e mais orientados a resultados reais e a possibilidade de criação de Spin-offs (também chamado de derivagem, é um termo utilizado para designar aquilo que foi derivado de algo já desenvolvido ou pesquisado anteriormente. É utilizado em diversas áreas, como em negócios, na mídia, em tecnologia, etc)

Poucos são os estudos desenvolvidos neste vale da morte. Aceleradoras, investidores anjo e venture builders brigam pelas melhores. Os indicadores de desempenho deste mercado são muito conhecidos: CAC, CHURN, MRR, LTV. Porém os critérios de escolha para investimentos em negócios de startups ainda são subjetivos. As teses são o caminho para determinar as melhores escolhas sendo alicerçadas em critérios de mercado, a partir da relação problema-solução, análise da equipe, modelos de negócios e setores de mercado. Ao observar e conversar com mais de 50 empreendedores que se aproximam ou estão no chamado vale da morte das startups, proponho uma TESE sobre as oportunidades que ali se evidenciam. Assim como existe um mercado de veículos usados, também acredito na existência de um mercado de negócios de startups que não “ramparam”. Acredito em pessoas que passam por dificuldades e mantém-se resilientes na busca por soluções. Pivotam inúmeras vezes o negócio, testam obsessivamente, abdicam de ganhos para realizar um sonho. Este mercado está cheio de empreendedores com histórias incríveis, com soluções fantásticas que por um motivo ou outro não prosperaram. O primeiro “fit” a ser desenvolvido é entre quem pode realmente colaborar com o empreendimento e a startup. Aqui esta a chave do sucesso. A tese proposta aqui passa pelas seguintes hipóteses: Muitas empresas de base mais tradicional desejam inovar em processos e produtos, porém o problema é que não encontram as startups adequadas para o movimento. Esforçam-se usando de projetos de inovação aberta como solução para o problema, mas acabam gastando tempo e não chegando naquilo que realmente necessitam.

Já as startups que se aproximam ou estão neste vale, não conseguem acessar quem realmente poderia ajudá-las a crescer. Há um mercado de procurement a ser constituído de uma forma menos “marketeira” e mais pratica. Assim como no mercado de futebol existem os “olheiros,” cada vez mais há a necessidade de termos especialistas ou ainda, sistemas especializados, que entregue este valor, o MATCH PERFEITO. Poderíamos assim resgatar muitos empreendedores do “STARTUP CEMETERY”.

Os autores dos artigos, vídeos e podcasts assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo de sua autoria. A opinião destes não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Instituto Dynamic Mindset.

Tiago Lemos

Economista, com pós em Economia empresarial e Engenharia de Produção, consultor especialista em inovação, investidor anjo e empresário.

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